"O circo não deixa de ser uma casa brasileira, né?"
"Olha, eu cheguei a um ponto de minha carreira em que preciso de uma gravadora que nao me obrigue a lançar um disco por ano, fazendo com que eu saia feito louca atrás de repertório".
"O importante é não aceitar o jogo, ser anti-sucesso".
"Pelo simples fato de já estar nascendo, você está fazendo política".
"Quando minha mãe estava grávida, leu um romance onde tinha um tal de Mr. and Mrs. Ellis. Sou a Kelly Cristina dos anos 40. Meu nome é um sobrenome".
"Quero saber é do brasileiro, não estou preocupada em cromar minha orelha e sair para a rua para chamar a atenção".
"Um dia as pessoas vão descobrir que Dalva de Oliveira é a nossa Billie Hollyday".
"Se o nosso Ministro de Educação vai para a televisão dizer que nosso ensino está atrasado trinta anos, que problema você faltar um dia a aula?"
"A gente tem de fazer das tripas sentimento."
"As pessoas ditas corretas têm todas as frustrações de não ser o que é a marginália. E a marginália tem a frustração de não ter esta correção"
"Eu considero Caetano Veloso um gênio. Eu tenho por ele uma admiração e um respeito que quase todos vocês têm. A pessoa mais importante da minha geração".
"A única mulher com coragem de dizer que sente prazer é a Rita Lee. Ela fala o que a mulher fala, sem pudor. E a mulherada fica querendo se emancipar sem saber para onde vai, que nem o país".
"No Brasil, a aspiração é americana, mas a organização é macunaimica".
"Cantar, para mim, é sacerdócio. O resto é o resto".
"Tenho o prazer de me danar e me recompor sozinha. Não preciso de muletas"
"Fazer música não é botar fusca na praça. Não é linha de montagem, não".
"Todo mundo fala da geração dos filhos da bossa-nova. Isso não existe:
são todos filhos do Tom e do Vinicius".
"Não pisem no meu calo que eu saio dando patadas".
"Resultado final só quando eu acabar, e assim mesmo vou deixar testamento mas não sei se vão me respeitar. Na verdade eu não afirmo nada em relação a ninguém: só dou o tiro, quem mata é Deus"
"Eu quero é ficar como bigode: nas bocas e por fora".
"O mercado musical vive do pré-estabelecido".
"Eu não sou sempre a favor da corrente, mas chegou um dia que eu achei que estava pulando o carnaval ao contrário"
"Aos poucos arregalei os meus olhos e vi".
"O livre-arbítrio existe. Através dele eu acabei com toda aquela minha "ida e recomecei sem raiva, sem ódio de ninguém".
"Mas não temos aliados fortes, muito menos o poder nas mãos',.
"Não passo o dia olhando pro meu umbigo para ver se nasce um pé de couve".
"Meu problema agora não é cantar, é como usar este meu cantar".
"Alguma alegria é fundamental. E preciso fé, esperança, passar um brilho no olho e ir engatinhando para, em termos de sensação, redesco-brir a vida, descobrir o sabor da festa".
"Eu quero é ter vida privada, e não privada na vida".
"Quando me disserem que sou verde, já estarei amarela".
"Pude perceber o quanto era importante ter o relógio do meu avó em casa. Não por um sentimento de posse, mas por viver a sensação de que não perdi tudo do meu passado".
"Não é fácil ter cinco carros e dez empregados. Eu até poderia ter. Sou uma mercadoria cara. Mas prefiro o meu jipe".
"Sou como assum-preto, que precisa cantar muito mais depois que lhe tiram os olhos".
"As pessoas que me chamaram de mau-caráter estavam se auto-criticando".
"Eu sou guerreira e pego a metralhadora para sair atrás de quem me enche o saco. Agora, se um amigo precisa de mim, eu faço tudo e não cobro gratidão para o resto da vida, somente exijo um mínimo de fidelidade e decência."
"Adora ser reconhecida. Gosto mesmo. Meu superego fica dançando rumba de satisfação. E não tenho a menor vergonha de confessar. Vou ficar velha, com sessenta anos, mas não largo esse riso da cara para todo mundo ver que sou eu".
"Redescobrir as coisas que são nossas, desde o dia em que o nosso umbigo foi enterrado nesse chão".
"Ninguém pode começar nada partindo da premissa de que vai derrubar outra. Você tem de começar pela necessidade de fazer, porque você quer fazer, e não para derrubar ninguém. Até porque há lugar para todo mundo".
"Para quem está vivo, viver é um risco".
"No entretanto, eu acredito em mim muito menos do que você está pensando".
"E bacana correr riscos e eu não fico só na janela vendo a banda passar".
"Ninguém está preocupado em saber com quem está a verdade, mas viver é tão interessante que vou passando por cima destas coisas, sem dor".
"Se considerarmos que não passo de um paisano a mais e que, mesmo assim, dei a volta por cima, a cabeça das pessoas não agüenta".
"Certas pessoas não transam bem comigo porque olham a minha cara e sacam que eu não gosto delas. È um problema de estilo, um lance de energia".
"Me apaixonei pelo som da minha voz".
"Eu, hoje em dia, estou muito mais cínica, e perder a ingenuidade é péssimo. Mas isto não significa que eu tenha deixado a minha verdade de lado. Hoje não adianta você querer ter posturas antigas porque o mundo não comporta mais".
"Se eu seguisse o rumo natural da minha vida, eu seria uma operária têxtil de qualquer indústria do país, porque meu pai é operário e minha mãe, dona-de-casa. Então, se eu tive tantas portas abertas, foi porque eu tenho a anomalia de ser uma boa cantora num país em que poucas pessoas cantam bem, e expus isso publicamente".
"Estou aprendendo grandes coisas e aprendi a jogar paciência comigo mesma".
"Eu abandonei meu modelito Greta Garbo. Não quero mais viver sozinha".
"No fundo acabo escolhendo quem merece gostar de mim".
"Eu denuncio tudo, e como todo mundo acha que artista é louco, eu aproveito isso para passar melhor. Agora, de louca eu não tenho nada, e isso e' importante eu saber".
"Ninguém vai fazer da minha vida uma novela, nem vou sair da minha estrada por causa de fofocas. Até porque quem paga as minhas contas sou eu
"Por que exigem de mim tanta coisa? Sou boa cantora e ainda tenho de ser educada?"
"Profissionalmente resolvi assumir o papel de palhaço. Sei da minha condição de bobo da corte e vou levar isso adiante, até o dia em que me to-marem os guisos".
"Sou obstinada, perfeccionista. Exigente comigo mesma. Autopunitiva. Espero muito de mim e sou amiga dos meus amigos. O lance pinta, eu regis-tro e devolvo multiplicado. Deu um, recebe mil. Nos dois sentidos. Enfim, sou uma mulher de uma fidelidade estúpida".
"Essas mulheres todas, com exceção da Angela Ro-Ro, estão servindo a este sistema feudal das gravadoras, fazendo o que um amigo meu chama de neo-pseudo-erotismo".
"A gente tem de aprender a dividir uma série de coisas, inclusive a ca-ma
"Eu sou apenas o meu tipo inesquecível, apesar de às vezes me achar uma porcaria
"A lucidez me leva às raias da loucura".
"'Minha cabeça trabalha em mutirão".
"Nada me segura quando o maestro conta um, dois, três e quatro
"Dediquei minha vida a cantar e não tem homem, nem pai, nem mãe, nem filho, que me tire disso".
"Quando eu ficar velha como a Edith Piaf, vão me colocar no palco. Essa é a única coisa que sei fazer e que vai me restar: cantar".
"Vamos pelo menos conservar o bom humor. Senão você se flagra comprando um 22 e dando um tiro na cabeça".
"A vida mexeu muito comigo, me fez sofrer muito. Fui dessas pes-soas que apanhou e aprendeu com a vida. O que me valeu foi essa minha maneira forte de ser".
"Decifra-me ou devoro-te. Não vou me decifrar nunca. Eu sou a esfinge, e dai?"
"Eu talvez vá morrer sem nunca entender as pessoas”